domingo, 22 de dezembro de 2013

Morte ou vida?

Há um tempo já não se sentia mais à vontade com nada. Sua vida não fazia mais sentido. Entre ideias e desistências, foi levando a vida. Não da forma que queria, mas fazer o quê? Seus sonhos às vezes falavam mais alto, e isso lhe oferecia perigo, pois quanto maior o sonho, maior a queda durante uma decepção. A ilusão era sua fiel companheira. Apenas ela. Mais ninguém. Sua companhia no cinema, por sessões consecutivas, eram apenas os desconhecidos à sua volta. Ria sozinho, chorava sozinho, tinha que aprender a se virar sozinho. Sempre sozinho.

Naquela semana, seu mundo desmoronou. Brigou com as pessoas que mais amava. Sua vontade era de não existir mais. Largar tudo. Entre planos de suicídio, escreveu uma carta de despedida. Nela, alguns nomes de pessoas que significavam muito em sua vida. Talvez não fosse recíproco da parte de algumas pessoas da lista, mas isso não importava agora. Era mesmo seu fim.



"Waiting for the end to come
Wishing I had strength to stand
This is not what I had planned
It's out of my control" ♪





Até que uma conversa lhe deixa confuso. Talvez ele não devesse desistir assim, mas ainda era uma dúvida.

Após mais uma sessão de cinema, solitário, acompanhado por poltronas vazias, se animava com o mundo que era mostrado à sua frente. Tudo poderia ser como num bom filme, mas não é. A comédia acaba e ele anda pelas ruas, voltando pra casa como se estivesse sem rumo. Já era noite, as ruas semidesertas, pessoas estranhas ao redor. Sensação de déjà vu, um frio que o fazia arrepiar-se, mas era algo interno. O sinal fecha, e ele está pronto pra atravessar. É quando um carro parte em sua direção, mas freia a tempo de evitar uma tragédia. Não suficiente para matar, nem ao menos pra machucar. Só recebera algumas marcas vermelhas no joelho e abaixo dele, marcas roxas ao redor dos ossos da cintura, e uma leve dor no pulso direito, por se apoiar sobre o capô durante o acidente. Com leve dificuldade ao andar, chegou em casa e não contou a ninguém. Escondeu por um dia inteiro.

Ao revelar o ocorrido, recebeu o apoio de pessoas que nem imaginava. De algumas, recebeu exatamente o que esperava, e não era bom. A preocupação recíproca e o desabafo com sua irmã o fizeram relaxar. Amanhã é um novo dia.

E foi realmente o que aconteceu. Ele nem esperava que um trabalho de faculdade o distrairia tanto. Estava feliz por algum tempo, um sorriso inesperado apareceu em seu rosto. Seu senso de humor dava sinal de vida. A música alta fazia seu corpo mexer aos poucos. Estava novamente se animando com algo.

Decidiu viver.


(SOUZA, Bruno. 18 de novembro de 2010)



postado por Bruno Souza.
Domingo, 22 de dezembro de 2013. 20:00




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